sábado, 26 de julho de 2008

Conclusão da obra e considerações finais

“Uma vez mais, a palavra diz tudo: animar vem de anima,
e do que se fala é obviamente da alma do monumento”
in Estudos do Património 4


O património integrado em edifícios históricos tem particularidades que impõem abordagens bem diferentes do património móvel. Esta diferença não se verifica apenas pelo facto das intervenções serem in situ, mas sobretudo na própria interacção, física e simbólica, entre a obra “integrada” e espaço “integrante”, pois tratam-se de um mesmo.
Não há intervenções perfeitas ou infalíveis e é tecnicamente impossível prever, com certeza, os efeitos de um tratamento ou a sua validade no futuro. No máximo, uma “boa” intervenção será aquela que, no futuro, será entendida como “a melhor possível”.

Porque “um monumento despejado do seu património integrado é um monumento desalmado”, espero ter contribuído para a restituição da “alma” da capela de Sant’anna e, de um modo mais lato, para a preservação de parte deste património que torna o lugar de Vargos tão especial.


Encima: 'a esquerda, tramo I antes da intervenção; 'a direita, tramo I depois da intervenção


Em cima: 'a esquerda, tramo II antes da intervenção; 'a direita, tramo II depois da intervenção


Em cima: 'a esquerda, tramo III antes da intervenção; 'a direita, tramo III depois da intervenção
Por fim, e aproveitando o tempo de antena que me resta, quero aqui agradecer a todos os que me apoiaram e colaboraram com este projecto, em especial ao Bruno, e à Patrícia, pela paciência que tiveram ao longo destes meses; aos meus colegas, amigos e co-autores deste blog (, Costinha, Sandra, Silvia, Vera, Vítor); à Marta, por todo o apoio que nos deu em campo; à D. Pilar, pela hospitalidade com que nos recebeu; ao Pedro Gago e Ricardo Triães, bem como ao José Pestana, pelo apoio técnico disponibilizado; ao Prof. Fernando Costa e, por último mas não em último, aos habitantes de Vargos, pela simpatia com que nos acolheram.

Preenchimento e reintegração cromática das lacunas

Preencimento de pequenas lacunas do intonaco


Foram preenchidas apenas as lacunas de dimensões mais significativas. Dadas as dimensões e profundidade reduzidas destas lacunas, optou-se pela aplicação de uma argamassa de areia SP-55 (granulometria fina) e cal aérea num traço de 2:1 (v/v).



Reintegração cromática das lacunas pictóricas


As inúmeras lacunas ao nível da camada de preparação afectavam directamente a percepção das pinturas. Partindo do princípio que a reintegração cromática pode ser reversível e tendo como objectivo melhorar a legibilidade da obra, optou-se pela reintegração cromática de todas as lacunas pictóricas procurando respeitar o princípio da historicidade da mesma.
Foi utilizada têmpera pois, dadas as condições ambientais da capela e das pinturas, considerou-se vantajosa a maior permeabilidade deste material, além de ter características semelhantes às da pintura original (note-se que a pintura foi executada com têmpera “gorda”).

Relativamente à técnica, foi feita reintegração mimética na maior parte das lacunas, nomeadamente nas áreas de fundo e zonas de ornatos onde era possível dar continuidade às formas, dada a simetria rigorosa do desenho. Nas zonas onde não era possível reintegrar miméticamente, ora por falta de elementos ou vestígios que permitissem dar continuidade das linhas com segurança ou nos elementos decorativos onde não se observa uma simetria rigorosa, optou-se por uma reintegração diferenciada por pontilhismo, uma vez que estas lacunas tinham dimensões muito reduzidas.

Pormenor de reintegração mimética e diferenciada (pontilhismo) - Tramo III

Nas zonas de destacamento ou desgaste da camada policroma, com camada de preparação à vista, assumiu-se este desgaste, reintegrando apenas as zonas de lacuna (com intonaco à vista) com um tom semelhante ao das áreas envolventes: tom da preparação, tom ocre ou vermelho das faixas da moldura.
Encima: 'a esquerda, pormenor do Tramo III, antes da reintegração; 'a direita, pormenor do Tramo III depois da reintegração.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Limpeza da Fachada





Nesta 2ª fase da obra, seguindo a mesma metodologia e os mesmos critérios de intervenção, achámos que não seria necessário voltar a relatar todos os tratamentos, uma vez que já foram mencionados atrás, na 1ª fase da intervenção na torre sineira. Assim faremos apenas um relato fotográfico!
"uma imagem vale mais do que mil palavras" :)