quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Diagnóstico da Fachada

A adequação de uma rocha para utilização como ma­terial de construção está relacionada, com a capacidade de preservar as suas características originais durante um período suficientemente longo. Os materiais pétreos, tal como outros materiais de construção não são eternos e degradam-se ao longo do tempo, pela fun­ção da sua constituição mineralógica, química e estru­tural, como das características do meio ambiente onde estão inseridas.
A fachada é construída em Cal­cário, bastante poroso, o que vem contribuir para uma maior movimentação de água na pedra, o que leva a ser uma característica prejudicial, pela acumulação de humidade que vai desencadear condições propícias ao ataque biológico e acumulação de sais, tornando-o mais susceptível a degradações físicas e químicas.
As pedras ornamentais, pelo facto de serem aplicadas em locais com características diferentes de onde foram formadas, ficam sujeitas a solicitações “agressivas” quer antrópicas (atrito ou desgaste, choques, contacto com produtos de limpeza domésticos e industriais) quer naturais (variações de temperatura, exposição solar, água e gelo).



ALTERAÇÕES SUPERFICIAIS

Toda a fachada apresenta depósitos de su­jidades superficiais, acumulação de matérias mortas de origem vegetal, animal e mineral como restos orgânicos de insectos, bactérias e poeiras.
São também visíveis escorrências de águas pluviais, que vêm provocar manchas cromáticas nas cantarias.





ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS

Como qualquer corpo, as pedras dilatam com o calor e contraem com o frio, sofrendo estas alterações permanentemente com a diferença térmica do dia para a noite.
Estas diferenças térmicas poderão ser a maior causa de “doenças” da pedra. Levam ao fissuramento da mesma e quando muito acentuado poderá levar à frac­tura, devido ao coeficiente de dilatação, como se pode constar na fachada.
Esta apresenta também escamação no campanário e no friso decorativo do portal, possivelmente provocada não só pelos factores extrínsecos (biológicos, climatéricos e absorção sonora dos sinos), mas também intrínsecos (composição mineralógica).
Por estes mesmos factores, extrínsecos e intrínsecos, é que se justifica a erosão que se verifica por toda a cantaria especialmente no campanário, zona que está mais exposta.


ALTERAÇÕES BIOLÓGICAS

Toda a fachada está atacada por colonização bi­ológica, sendo o ataque dos líquenes o mais intenso. Exercem um ataque químico sobre a pedra, con­sequente das suas secreções e provocam uma degrada­ção mecânica, consequente da penetração das suas raízes e da variação de volumes destas conforme o seu teor de humidade.
Surgem com bastante frequência, briófitas, os conhecidos musgos, que se fixam nas argamassas das juntas através de um filamento de fixação chamado radícula, que não tem qualquer importância quanto às pressões na pedra, mas remove a argamassa, ficando assim a pedra mais exposta a elementos poluidores.
As raízes das plantas superiores são prejudiciais para a pedra porque, quando crescem e engrossam, pro­vocam pressões na pedra e nas juntas, a ponto de pro­vocar desconjunções e por vezes derrocadas.

OUTRAS ALTERAÇÕES


Elementos metálicos: grades e sinos.
Os sinos apesar de apresentarem oxidação do bronze, não interferem directamente com a pedra como acontece com o ferro das grades e dos badalos, que se encontram bastante oxidados.








Argamassas e juntas: a maioria das juntas, são não-funcionais, isto é, já não cumprem a sua função principal que é: garantir a protecção da alvenaria. A argamassa de preenchimento está degradada, o que será necessário, a sua remoção.

A argamassa do reboco apresenta sujidades superficiais, provenientes de escorrências de águas pluviais. Verifica-se uma lacuna junto à janela inferior da torre sineira e vestígios de cimento, o que nos confirma que a capela já sofreu intervenções anteriores.

Sem comentários: