sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Pintura mural - Questões iniciais

Breve descrição do estado de conservação

As pinturas do sub-coro apresentam microfissuras, manchas de humidade e eflorescências; craquelè, destacamento e pulverulência da policromia, resultando em lacunas ao nível do estrato pictórico e camada de preparação; alteração cromática e repintes. Apresentam-se ainda algumas lacunas ao nível do reboco e desgaste ao nível do que se supõe ser uma camada preparatória pigmentada ou bollus.













Tramo I - Vista geral antes da intervenção
Tramo I - Empolamento e destacamento da policromia


Questões técnicas e metodológicas


A metodologia de intervenção pressupõe o conhecimento da história técnica da obra, bem como dos materiais e técnicas utilizados. No caso específico da pintura do sub-coro, executada com uma técnica a seco, torna-se necessário determinar a natureza do aglutinante utilizado, bem como os pigmentos, para efectuar a fixação, dessalinização e limpeza com produtos inócuos e compatíveis, entre eles e com os materiais de produção da obra.


Tramo II - Vista geral antes da intervenção
Tramo II - Destacamento de policromia e alteração dos valores cromaticos


Assim, relativamente à caracterização técnica e artística das pinturas, surgem as seguintes questões:

- Sucessão e caracterização dos diversos estratos
- Identificação dos materiais constituintes: intonaco, camada de preparação, pigmentos, aglutinantes e elementos dourados

Relativamente ao estado de conservação e diagnóstico de patologias:

- Sendo que as microfissuras podem ter origem na natureza dos constituintes do intónaco;
- Sendo que a natureza das eflorescências influencia a sua acção sobre os materiais;
- Sendo que a natureza dos materiais constituintes de uma pintura influencia os processos de degradação dos mesmos;


Levantam-se as seguintes questões:

- Relação entre os materiais do intónaco e a formação das microfissuras
- Porque se observam diferentes processos e níveis de degradação nos diversos tons
- Processos de alteração cromática e produtos de reacção

- Composição e origem dos sais, factores que concorrem para sua a formação e a relação entre a composição dos sais e o seu efeito nas pinturas
- Relação entre as patologias observadas, as condições micro-climáticas de cada tramo, os materiais constituintes dos diversos estratos e a composição dos sais

Para responder às questões anteriores, estão a ser feitos testes laboratoriais e in situ:

- Caracterização dos diversos estratos por análise estratigráfica
- Despiste de aglutinantes por métodos micro-químicos
- Identificação de sais por método químico (identificação de iões principais)
- Caracterização do intónaco e camada de preparação e identificação de pigmentos por micro-fluorescência de raios-x

Relativamente à metodologia da intervenção, um dos problemas que se apresenta a priori refere-se à ordem dos processos de fixação e dessalinização, pois se os processos normalmente utilizados implicam, no caso presente, uma pré-fixação da policromia em escamação, esta fixação pode ser lesiva para a pintura, uma vez que a resina aplicada pode reter partículas de sais na camada pictórica.

Outro problema que se levanta com a dessalinização trata-se da sua eficácia a longo prazo, devendo esta ser garantida com a intervenção proposta.

3 comentários:

Anónimo disse...

Excelente esta vossa ideia!
Parabéns e vou visitando de vez enquando!

Anónimo disse...

Por acaso se há coisa que detesto é pulverulência da policromia.

pedrogago disse...

Parabéns Rita, o teu texto está muito bom. É objectivo e descritivo.